Não me contaram que eu aprenderia muita coisa nova, morando nos EUA.
Eu decidi escrever esse post, porque sempre surgem amigos, que estão pensando em morar fora. Muitos me perguntam se dá pra ter tudo que eles tem no Brasil, aqui. E a minha resposta é NÃO (polêmicaaaaaa).
“Dá pra ter empregada todo dia? E babá para os filhos? Impossível sem babá né?”
“Unha toda semana, não consigo ficar sem”.
“Você que lava roupa? Toda semana?”
“Você cuida dos filhos sozinha?” – meu futuro próximo.
E por aí vai.
Bom, vamos por partes. Se você ainda não sabe, preciso te contar uma coisa. Todo tipo de serviço, nos EUA, ou outros países desenvolvidos, é valorizado. Não é como no Brasil.
Não dá pra achar que vai sair do Brasil, e chegar aqui tendo todas as regalias que você tinha lá. Empregos como faxineira, babá, pintor, pedreiro, garçom, apesar de serem considerados de segunda categoria no Brasil, aqui são profissões como outra qualquer. E mais do que isso, carreiras. E por isso, são caros para serem contratados.
Se por um lado isso dói no bolso de quem mora aqui, por outro, cria um contexto econômico mais justo. E isso eu acho muito legal.
O pedreiro, a manicure ou o garçom do Brasil, que levam uma vida totalmente diferente e pior (financeiramente falando) do publicitário de sucesso, do advogado ou do médico, aqui podem morar no mesmo prédio, ter o mesmo carro, fazer compras nas mesmas lojas.
Você já deve ter percebido que aqui, é muito raro ver famílias com 1,2,3 funcionários ajudando na rotina da casa. Mesmo se é uma família muito rica. Não é só pelo valor que isso pode custar, mas é algo cultural.
As pessoas sabem se virar, lavar uma louça, preparar uma comida, lavar a própria roupa, abastecer o próprio carro, cuidar do próprio jardim. Isso já faz parte da vida deles e eles aprendem desde pequenos.
Os americanos não ligam de ter que fazer essa funções. Eles cresceram assim. Mas pra nós, brasileiros, isso pode ser um “pé no saco”.
Quero explicar melhor como isso pude influenciar na sua decisão de morar fora, mas pra isso, achei melhor dividir em 3 tipos de perfil de pessoas que pensam sobre isso:
PERFIL 1: as que estão com uma vida difícil no Brasil, falta de emprego ou salário ruim e não tem nada a perder se sairem de lá, hoje.
PERFIL 2: as que ganham bem, vivem bem, mas querem uma vida mais segura, mais tranquila, ou só uma experiência nova mesmo.
PERFIL 3: aquelas que são MUITO bem de vida, grandes empresários, mas que decidem ir pra fora pela segurança que o novo país possa oferecer, ou por uma aventura apenas.
O perfil 1 é aquele que topa os sub-empregos, como babá, garçom, faxineira, sem problemas e preconceitos. Esse tipo de perfil, chega aqui e decide não voltar nunca mais, porque o trabalho deles aqui, é muito mais valorizado.
Quando essas pessoas percebem que conseguem ter uma vida muito melhor aqui, com acesso a uma casa, um carro legal, compras, viagens, elas decidem mesmo ficar.
É o famoso American Dream!
Se preocupam com os deveres da casa? Nem tanto. Já estão acostumadas a cuidar da casa, dos filhos e da rotina da família. Então geralmente, isso não é um problema.
O perfil 2 seriam as pessoas que estão acostumadas a trabalhar muito e não ter tempo pra nada, mas terem grana para contratar todo tipo de serviço que facilite o dia-a-dia. Por isso, quando chegam aqui, sofrem de ter que colocar a mão na massa e resolver “problemas”, que até então, outras pessoas resolveriam por elas.
Eu diria que esse perfil se separa em dois grupos, de pessoas que amam e que odeiam morar fora. As que amam, geralmente são as que entram no clima, surfam na onda. São pessoas que tem facilidade em se adaptar a algo novo e valorizam o que tem de bom naquele lugar: a segurança, o tempo livre pra dedicar a si mesmo ou a família, a educação, o trabalho.
As que odeiam, geralmente chegam com a expectativa muito alta. Acham que vão ter tudo que tinham no Brasil (principalmente a mordomia) e mais um pouco. Sinceramente, se eu pudesse opiniar, diria pra não virem. Sem ofensas. Mas se está tudo bem no Brasil, pra que mudar a vida toda e vir passar perrengue? Se arrumar uma casa, lavar uma roupa ou abastecer o próprio carro, vai ser um problema…
O perfil 3 são pessoas que, se quiserem, vão poder pagar todo tipo de serviço e ajuda, mas mesmo assim vão sentir a diferença com relação ao Brasil.
Pode ter babá, faxineira, motorista, o que for. Mas não é só disso que estou falando. É da vendedora de loja que chega com os looks sugeridos prontinhos, do instrutor de academia (caso ainda não tenha um personal), do frentista do posto que abastece, lava o vidro e calibra os pneus do seu carro. Coisas que aqui não existem, ou são bem raras.
Resumindo, cada caso é um caso. Mas a regra, pra todos, é a mesma. Você vai ter que se adaptar, caso queira ficar.
E lembre-se, babá de branco é coisa de brasileiro.